<font color=0094E0>O futuro ali tão perto</font>
Com o 25 de Abril, o tecido económico altera-se profundamente. As nacionalizações, da CUF e de muitas outras empresas, puseram a economia nacional finalmente ao serviço do povo e do País. Mas por pouco tempo.
Quando se deu a Revolução, a CUF era um monopólio tentacular de mais de duzentas empresas, que se estendia a praticamente todos os sectores da economia do País e das colónias. Ao seu serviço tinha mais de 100 mil trabalhadores e a sua riqueza era incalculável. A sua influência na política fascista era uma realidade inegável.
Porém, nas fábricas do Barreiro, era já visível a degradação que o desinvestimento levado a cabo por uma família Mello mais voltada para o sector financeiro provocava. A nacionalização surgiu como objectivo prioritário.
Enfrentando a forte oposição do PS e do PSD, o IV Governo provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, decide nacionalizar a CUF. A família Mello, que continuava apostada na decapitação da empresa, foi destituída. À frente das fábricas fica um órgão de gestão provisório, com a participação de dois trabalhadores indicados pela Comissão de Trabalhadores.
Da nacionalização da CUF, e da sua fusão com a Nitratos de Portugal e o Amoníaco Português nasceu em 1977 a Quimigal – empresa química, EP, uma das maiores empresas do sector empresarial do Estado após o 25 de Abril.
Sabotagem e boicote
Não resignados com o domínio perdido com a Revolução de Abril, as classes dominantes e os seus aliados no poder, iniciam imediatamente um ataque sem tréguas às conquistas de Abril. Debaixo de fogo estão, em primeiro lugar, a Reforma Agrária e as nacionalizações.
O ataque à Quimigal começa quase no primeiro dia após a sua criação. No interior da própria administração e nos governos, tomam-se medidas com o objectivo de enfraquecer e destruir a jovem empresa.
Mas é sobretudo a partir da década de 80 que a situação se agrava, por falta de medidas de saneamento financeiro e pela asfixia financeira a que os governos a votavam.
No final da década, o governo PSD/Cavaco Silva inicia o processo de privatizações. Como outras empresas, a Quimigal foi destruída, através da entrega, a preço de saldo, do melhor património público empresarial ao capital estrangeiro e a ex-monopolistas, que assim o voltavam a ser. O Grupo Mello voltou ao controlo.
Milhares de postos de trabalho foram liquidados, com as consequências que se conhecem ao nível do aparelho produtivo e do próprio desenvolvimento do País.
Sonhos traídos
No espaço da antiga CUF, surgidas do desmembramento da Quimigal e da sua privatização, funcionam ainda algumas empresas do sector químico. Juntas, a Amoníaco de Portugal, Quimitécnica, Rafibarre, CPB, Fisipe, Sovena, Quimiparque e ATM empregam qualquer coisa como um milhar de trabalhadores, assumindo-se ainda assim como o principal sector produtivo no concelho do Barreiro.
No interior destas empresas reina o trabalho precário, a insegurança dos postos de trabalho e os baixos salários. São estas as armas repressivas de que os patrões dispõem, sempre com o apoio dos sucessivos governos, para impedir as acções de protesto e luta.
No entanto, os trabalhadores, sempre com o apoio do PCP, não têm desarmado. Como se prova pela participação na Greve Geral de 30 de Maio do ano passado e na grande manifestação de 18 de Outubro contra a precariedade e exigindo uma vida melhor.
>Comemorações para todos os gostos
A passagem dos cem anos da instalação da CUF no Barreiro está a ser assinalada por várias instituições, da Câmara Municipal do Barreiro ao próprio Grupo Mello.
Também o PCP tem o seu próprio programa de comemorações, intitulado 100 anos de luta e resistência. O objectivo central é dar a conhecer o papel ímpar que os trabalhadores da CUF tiveram e têm na história de Portugal, «através da sua luta por uma sociedade mais justa e fraterna», afirmaram, em Janeiro, os comunistas, no lançamento das comemorações.
A primeira iniciativa foi o lançamento da brochura Resistência, no dia 5 de Abril e, a 19, foi inaugurada uma exposição no auditório da Biblioteca Municipal, seguida do primeiro debate, sobre a luta e resistência antes do 25 de Abril. O segundo debate foi a 17 de Maio, sobre a luta dos trabalhadores após a Revolução dos Cravos.
Para o mês de Junho, estão previstos um almoço com antigos e actuais trabalhadores da CUF/Quimigal e um comício.
Porém, nas fábricas do Barreiro, era já visível a degradação que o desinvestimento levado a cabo por uma família Mello mais voltada para o sector financeiro provocava. A nacionalização surgiu como objectivo prioritário.
Enfrentando a forte oposição do PS e do PSD, o IV Governo provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, decide nacionalizar a CUF. A família Mello, que continuava apostada na decapitação da empresa, foi destituída. À frente das fábricas fica um órgão de gestão provisório, com a participação de dois trabalhadores indicados pela Comissão de Trabalhadores.
Da nacionalização da CUF, e da sua fusão com a Nitratos de Portugal e o Amoníaco Português nasceu em 1977 a Quimigal – empresa química, EP, uma das maiores empresas do sector empresarial do Estado após o 25 de Abril.
Sabotagem e boicote
Não resignados com o domínio perdido com a Revolução de Abril, as classes dominantes e os seus aliados no poder, iniciam imediatamente um ataque sem tréguas às conquistas de Abril. Debaixo de fogo estão, em primeiro lugar, a Reforma Agrária e as nacionalizações.
O ataque à Quimigal começa quase no primeiro dia após a sua criação. No interior da própria administração e nos governos, tomam-se medidas com o objectivo de enfraquecer e destruir a jovem empresa.
Mas é sobretudo a partir da década de 80 que a situação se agrava, por falta de medidas de saneamento financeiro e pela asfixia financeira a que os governos a votavam.
No final da década, o governo PSD/Cavaco Silva inicia o processo de privatizações. Como outras empresas, a Quimigal foi destruída, através da entrega, a preço de saldo, do melhor património público empresarial ao capital estrangeiro e a ex-monopolistas, que assim o voltavam a ser. O Grupo Mello voltou ao controlo.
Milhares de postos de trabalho foram liquidados, com as consequências que se conhecem ao nível do aparelho produtivo e do próprio desenvolvimento do País.
Sonhos traídos
No espaço da antiga CUF, surgidas do desmembramento da Quimigal e da sua privatização, funcionam ainda algumas empresas do sector químico. Juntas, a Amoníaco de Portugal, Quimitécnica, Rafibarre, CPB, Fisipe, Sovena, Quimiparque e ATM empregam qualquer coisa como um milhar de trabalhadores, assumindo-se ainda assim como o principal sector produtivo no concelho do Barreiro.
No interior destas empresas reina o trabalho precário, a insegurança dos postos de trabalho e os baixos salários. São estas as armas repressivas de que os patrões dispõem, sempre com o apoio dos sucessivos governos, para impedir as acções de protesto e luta.
No entanto, os trabalhadores, sempre com o apoio do PCP, não têm desarmado. Como se prova pela participação na Greve Geral de 30 de Maio do ano passado e na grande manifestação de 18 de Outubro contra a precariedade e exigindo uma vida melhor.
>Comemorações para todos os gostos
A passagem dos cem anos da instalação da CUF no Barreiro está a ser assinalada por várias instituições, da Câmara Municipal do Barreiro ao próprio Grupo Mello.
Também o PCP tem o seu próprio programa de comemorações, intitulado 100 anos de luta e resistência. O objectivo central é dar a conhecer o papel ímpar que os trabalhadores da CUF tiveram e têm na história de Portugal, «através da sua luta por uma sociedade mais justa e fraterna», afirmaram, em Janeiro, os comunistas, no lançamento das comemorações.
A primeira iniciativa foi o lançamento da brochura Resistência, no dia 5 de Abril e, a 19, foi inaugurada uma exposição no auditório da Biblioteca Municipal, seguida do primeiro debate, sobre a luta e resistência antes do 25 de Abril. O segundo debate foi a 17 de Maio, sobre a luta dos trabalhadores após a Revolução dos Cravos.
Para o mês de Junho, estão previstos um almoço com antigos e actuais trabalhadores da CUF/Quimigal e um comício.